Olá, tudo bem? ;)
Quero falar um pouquinho do nosso tão falado hiperfoco. Neurodivergentes possuem uma espécie de "obcessão" por algo, alguém, um tema, um objeto etc. Chamamos de hiperfoco.
Hiperfoco se caracteriza como um intenso estado de concentração ou foco.
Mas, ao contrário dos personagens de filmes sobre autismo, muitas vezes o nosso hiperfoco não é contínuo ou produtivo. Podemos simplesmente ficar focados em um liquidificador, por exemplo ou em astronomia, para no mês seguinte se desinteressar completamente.
Nos filmes o hiperfoco é visto de forma bem "romantizada". Geralmente é em algum tema científico, produtivo e intelectual e ele não se "dispersa" na cabeça do personagem. Ele leva a sério e por muitos anos. Mas na vida real nem sempre é assim.
Já tive muitos na minha vida, mas nem sempre duradouros ou funcionais. Já tive hiperfoco em pessoas, famosos e temas em geral (astronomia, filosofia) e sobre idéias.
A coisa se complica ainda mais se o autismo tiver TDAH como comorbidade. Algo se torna extremamente atrativo para dias depois perder totalmente a graça. Daí muitos cursos incompletos, trabalhos, faculdades, carreiras etc. Isso pode ser um grande problema. Eu imagino como se fosse uma bexiga que enchemos e quando chega um certo ponto, ela escapa de nossas mãos e se esvazia completamente.
Foi aí que resolvi pesquisar e descobri um estado semelhante, só que desejável: o estado de Flow.
Encontrei este texto interessante: https://embrace-autism.com/hyperfocus-and-distractions/
O estudo fala que diferentemente do estado de hiperfoco, o flow parece se canalizar para atividades produtivas sem causar burnout, ou cansaço mental. É o equilíbrio entre duas forças: hiperfoco e lazer. Você consegue se manter focado em algo produtivo mas sem muito esforço. E sabemos que o hiperfoco pode vir de uma distração. E se mantivermos essa "distração" (hiperfoco) por muito tempo acabamos esgotados, irritados e frustrados. Por isso é importante que evitemos as distrações e aumentemos nosso estado de Flow. Sem perder a noção do tempo e das atividades que ainda estão pendentes.
E com certeza isso é muito difícil na prática, visto que é muito mais fácil hiperfocar em uma distração qualquer como em jogos ou tv por exemplo. O ideal então não é evitar 100% mas ter o controle sobre elas.
Mas então como resolver isso?
Bom, tudo o que fazemos o nosso cérebro tende a querer repetir. Tudo o que precisamos fazer é: se notar que está muito tempo em algo improdutivo, pare e tente focar em algo que você gosta de fazer de maneira produtiva. Assim você estará treinando seu cérebro para "preferir" as atividades produtivas. Ou seja, toda vez que exagerar em uma distração desnecessária compense com uma atividade que lhe dará frutos. Assim você irá fortalecer os circuitos neurais com atividades produtivas e a escolha ficará cada vez mais fácil. E ao mesmo tempo você pode causar uma poda sináptica. Os velhos circuitos neurais que estão sendo menos utilizados tendem a "quebrar". E com isso seu cérebro abre mais espaço físico para armazenar conexões novas e mais fortes para aumentar seu aprendizado. E as conexões que você não usa perdem espaço.
Para que tenhamos algum tipo de sucesso nesta empreitada, no entanto, precisamos ter hábitos saudáveis, que é outro desafio para neurodivergentes, uma vez que possuímos extremos problemas com alimentação, com excesso de estímulos sensoriais e principalmente com o sono.
Mas isso será tema para um próximo post!
Lembre-se e repita sempre: Quanto mais eu faço, mais eu quero fazer.
Até mais!
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